Luiz Fernando Guimarães fala pela 1ª vez sobre sua sexualidade

"O ator vai interpretar em cena uma mulher e conversou sobre sua vida afirmando que prefere preservar sua intimidade"

 Luiz Fernando Guimarães recebeu de chinelos, calça folgada e camisa polo a equipe do Extra. Pela primeira vez, Luiz vai viver uma mulher em cena. Algo que causou certo desconforto no início. “O projeto veio de um monólogo para o teatro. A personagem era só mais uma. Mas para a TV ela virou o centro. Queria fazer algo no universo masculino, com aquelas mulheres gostosas, os homens caracterizados. Gosto de uma coisa Rui e Vani, sabe? E as pessoas se identificam, mas, enfim, aceitei..!”, justifica ele.

Maria Eleonora Monteiro de Alcântara é uma senhora de seus 60 e poucos anos, dona de um salão de beleza, aristocrata falida e preconceituosa até o último fio de cabelo. “Ela fala coisas absurdas. Minha mãe era meio assim. Quando li o texto, logo me veio ela. Ela dizia: ‘Esse pessoal além túnel tem que ficar lá mesmo, na Zona Sul já tem gente demais’. E eu tinha primos pobríssimos. Fui criado em Laranjeiras, minha família era bem dividida”, recorda o ator, que não espera que o público queira ver uma mulher de verdade em cena: “Pedi para tirar bunda e peito. Ali é o Luiz fazendo uma mulher. Não mudo voz, ela é meio masculinizada, porque eu mesmo sou bruto. Pareço um rinoceronte, quebro as coisas, tropeço. Se bem que a Claudia Raia é mulher e também é assim”.

Luiz Fernando conta que ao entrar no universo feminino, está tendo a chance de entender como as mulheres funcionam. “Não tenho nenhum saco para mulher. E elas sabem disso. Mas convivo. O que me irrita é a oscilação, se bem que também sou assim. De manhã até o meio-dia a mulher já teve vários rompantes”, observa ele, que tem como grandes companheiras Regina Casé, Fernanda Torres e a vizinha Débora: “Regina e Fernanda são bem masculinizadas, a Débora é mais feminina. Fernanda eu chamava de colegão”.

O ator acaba exercendo sua feminilidade por meio da sensibilidade, na organização de festas memoráveis ( “Às vezes, acho que trabalho só para fazer festas”) e em certa melancolia. “Sou antagônico. O que me deixa melancólico é o mundo, as coisas que eu vejo, eu reparo muito. Me entristeço com o planeta, com o desdém das coisas, com política, como a coisa está desleixada”, enumera ele.

Luiz Fernando tem um companheiro, Adriano. Ao falar sobre solidão e filhos, ele afirma: “A solidão independe de você estar casado ou estar com 300 pessoas e se sentir só. É um estado de espírito. A gente é casado, e não mora junto. Nunca falei sobre isso porque não vou levantar bandeirinha. Acho um saco. Acho que todo mundo sabe da minha preferência sexual, nunca ninguém me perguntou sobre isso, não tenho a menor vontade de conversar sobre porque o nome disso é intimidade. Porque vira o assunto principal e tenho tantas outras coisas para serem ditas. Aí você vai botar o que eu disse e eu vou falar que não falei nada disso”, diz ao Extra.

Luiz Fernando, de fato, construiu uma imagem que passa longe da fanfarronice ou do esquema midiático. “Montei a minha vida para ser um ator que não protagoniza escândalos em capa de revista. Direcionei para isso, para que ninguém entre na minha intimidade. Se deixar de ser intimidade, vira casa da sogra”.

Fonte: Ultima Hora